Sobre Messi, os povos argentino e brasileiro, e Game of Thrones

SOBRE MESSI, A ARGENTINA, O BRASIL E GAME OF THRONES (alerta de textão...)
Se o Lionel Messi e o povo argentino fossem personagens de Game of Thrones, eles certamente seriam Starks. Haja sofrimento! Primeiro por que a Argentina é fria que só... o Norte, da série. Segundo porque as figuras que lideram esse povo se alternam com frequencia.
E foi nesse contexto, numa noite fria do inverno de Buenos Aires, que os argentinos foram para rua, armados com capas e guarda-chuvas, para recepcionar euforicamente sua seleção derrotada, e tentar animar seu líder, com cartazes em que se podia ler, "Messi, não se vá", "Você é o melhor", "Não te merecemos, mas fica conosco". Vejam bem:
Esse povo é tido por ignorante, arrogante, rude, por nós, brasileiros (...) assim fui ensinado desde a infância (é óbvio que existem raríssimas excessões, tanto de um lado, como do outro) mas, o que sempre prevalece é o senso geral. Por isso quero convida-los a uma boa reflexão. O povo que consideramos ignorante, tem um percentual de leitura três vezes maior que o nosso, seu cinema conquistou 2 oscar's e sua acadêmia ostenta 4 prêmios nobel's em variadas áreas. Seu líder religioso tem uma postura adimirada pelos seus fiéis, pelos fiéis de outras crenças e até pelos que não creem. Paralelamente, nós somos o povo que não apóia o próprio cinema, muito menos nossos acadêmicos. O povo que (em sua maioria) exalta figuras como Edir Macedo e Valdomiro, e em proporção menor, Malafaias e Felicianos. O povo que credita à Copa, as Olimpíadas e ao Wesley Safadão (???) a razão de suas mazelas. E cujo maior feito patriótico foi, tentar apagar a tocha olímpica, semanas depois de sacrificar o animal símbolo de sua fauna.
Em Winterfell, a ligação do povo com seus lobos é estampada em seu estandarte. Assim como a veneração dos argentinos para com o seu líder. Quem é Lionel Messi? o bastardo que nasceu em Rosário mas cresceu na Espanha, longe dos seus. E por isso tem a necessidade de provar ao seu povo que se importa com seus anseios, porque pessoalmente já é bem sucedido. O anti-herói que liderou um exército quatro vezes derrotado em batalhas finais, e que teve a humildade de dizer "eu não consigo. Não sou digno" e entrega seu posto aos seus irmãos. Messi é o lord que trata o porteiro do clube com a mesma gentileza que dialoga com o presidente, e que não se esforça para ser fotografado ao lado de crianças desamparadas e idosos abandonados, no intuito de melhorar sua imagem, até porque de fariseus que tocam trombetas para que seus feitos sejam vistos e admirados, o inferno tá cheio (OBS. Sinto-me na obrigação de alertar as ronaldetes que isso aqui não é indireta. Vocês sabem que não preciso disso. Eu falo na cara mesmo. Mas, se lhes afeta isso, problema de vocês, Laeth Rodrigues).
Messi é um jogador de futebol, e seu salário e talvez sucesso provém disso. Mas, eu, mero mortal que sou, apreciador de esporte e bons exemplos, o admiro pelo que ele é fora das quatro linhas. Esse texto não tem a intenção de ser uma ode à superioridade cultural Argentina. Longe de mim uma desgrota dessas. Mas fora do campo de futebol, não tenho razões para alimentar uma rivalidade cega, que por anos a fio, me fez criticar o povo do outro lado do Rio da Prata como ignorante, e seus ídolos esportivos como "bossais que alimentam a idolatria de um povo escroto". Não. Olhando para a construção midiática do Neymar e como o nosso povo vê nele coisas ninguém vê, a carapuça na verdade é nossa. Eu olho para a manifestação de apoio dos argentinos para com Messi, como olho a exaltação dos nortenhos para com Jon Snow. Quanto a nós, nesse jogo dos tronos que é o mundo, todo dia sofremos um 7x1. E estamos longe de alcançar o trono de ferro.

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