O Lado ruim do transporte alternativo.


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Carros lotados, tarifas abusivas, cobradores que tratam passageiros como mercadorias e motoristas apressados, imprudentes, somados a um bizarro acordo que dividiu quatro cidades do sul do Pará em rotas de interesse de 3 cooperativas que determinam que carro você vai pegar e o horário que você vai sair da sua cidade com destino a outra. Parece absurdo? Mas é a realidade do serviço de transporte alternativos (vans) no eixo Parauapebas – Marabá.
Passageiros aguardam carro para viajar!
10:00 da manhã, passageiros aguardam uma van as margens da rodovia PA – 275, no perímetro urbano de Curionópolis – PA. A intenção daquelas pessoas é se deslocar até Eldorado do Carajás, a 30 km de Curionópolis. De repente no horizonte surge uma van, as mulheres chamam a atenção das crianças, os homens levantam malas e o resto da bagagem e sacam dos seus bolsos a carteira já no intuito de antecipar o pagamento da passagem, a van chega próximo dos prováveis passageiros e... segue viajem! Não pode parar e pegar passageiros em Curionópolis sob pena de retaliação. Mas isso ainda não é o fim. Logo atrás dessa van, vem um carro da cooperativa autorizada a transportar passageiros em Curionópolis, mas ela não vai até Eldorado, o serviço dela é seguir a van da outra cooperativa até fora do perímetro urbano de Curionópolis e certificar – se de que a primeira van não vai ferir o acordo e pegar passageiros em “área proibida”. A van da cooperativa autorizada volta a rodoviária e mais uma vez segue uma van de outra cooperativa e impede que essa transporte os passageiros. Depois de 37 minutos, uma van superlotada da cooperativa autorizada estaciona, e o motorista diz “Eldorado, Eldorado, ainda cabe... a próxima van vai demorar”.   Os usuários sabem disso, e por incrível que pareça, a solução mais prática é... caminhar até o limite do perímetro urbano da  cidade e pegar a primeira van que decidir parar.
O ônibus passa duas vezes ao dia. Complicado!
A menos que você more em Parauapebas, ou Marabá, que são início e fim de linha, você terá que engolir passivamente esse bizarro acordo que não alcançou seu objetivo. As 3 cooperativas que exploram o serviço de vans na região cresceram junto com a população local, que já não conseguia se locomover entre as cidades, pois os ônibus passavam duas ou três vezes por dia. O que as cooperativas esqueceram foi que a luta para a regulamentação teve amplo apoio popular, e o povo não levou em consideração que cooperativa deveria explorar o serviço e como ela deveria explorar, a única intenção era ter um serviço que corrigisse a falha deixada pelos ônibus. 
O acordo citado acima não resolveu o problema dos horários e da falta de carros. Se você mora em Curionópolis e desejar ir pra Marabá, sem fazer escalas, deverá estar na rodovia as 6 da madrugada, quando as vans de qualquer cooperativa podem pegar passageiros com destino a Marabá. Do contrário, você terá que pegar uma van até Eldorado do Carajás (30 km) e depois até Marabá (mais 100 km). O que contradiz a lógica do transporte alternativo que deveria ser prático e livre das burocracias comum no serviço oferecido pelos ônibus.
A situação que revolta quem precisa se deslocar entre as cidades da região de Carajás está longe de ter um final feliz. A justificativa das cooperativas é “que o acordo permite uma organização de horários, e uma rotatividade entre os motoristas, dessa forma não estamos preocupados em pegar muitos passageiros e andar as pressas, prevenindo assim os acidentes por irresponsabilidade”.  Nesta segunda 27, uma van foi “fechada” por um carro pequeno, e em alta velocidade, tombou logo depois do km 13 no sentido Curionópolis – Eldorado, e até agora já foram confirmadas 4 mortes. No hospital da cidade mais próxima ao acidente_ Eldorado do Carajás_ uma criança com alguns machucados aguarda a chagada da avó que mora em Parauapebas e teve que se deslocar até Eldorado (60 km) para resgatar a criança que perdeu o pai e a mãe, mortos na acidente. Enquanto a criança chora sem saber exatamente o que aconteceu, os integrantes do conselho tutelar local, que foram prestar assistência no hospital,e a avó da criança, terão que aguardar um tempão , A PRÓXIMA VAN VAI DEMORAR.

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