No lugar erraado e na hora errada!

Me chaman de maluco, homofóbico, maconheiro, transformam o Maranhão inteiro "num" puteiro...

 Pois bem, meus vizinhos estavam fazendo um barulho fora do comun e eu precisava estudar para Teoria Política, uma apostila gigantesca e chata, foi nesse momento que pensei: "vou à Beira - Rio, lá é tranquilo, a vista é maravilhosa e aproveitarei para tomar chimarrão enquanto estudo".

Fui a casa da minhha vó esquentar água pra tomar chimarrão e depois fui no meu AP. peguei minha mochila, coloquei a apostila, uma maçã e antes de sair de casa fiquei num grande dilema: "levo ou não levo a Bíblia?". Nos últimos dias eu estou fazendo um estudo bíblico e decidi rever algumas leituras, pensei em levar a Bíblia que possui o velho testamento, mas ela é muito grande, pensei em levar a Bíblia que possui unicamente o novo testamento, mas para isso eu tinha que anotar as leituras do novo testamento em um pedaço de papel e levar para a Beira - Rio.

Sempre ando com uns pedacinhos de papel pro caso de fazer anotações como as citações das leituras bíblicas que iria estudar. Antes de sair  de casa me perguntei: "vou levar a Bíblia pra quê? se o tempo que tenho não será suficiente para estudar para a matéria do Claudino (Teoria Política)." em todo caso decidi levar a Bíblia.

Quando cheguei a Beira - Rio, avistei um lugar agradável, gramado, com algumas árvores (e sombras) e uma vista do Rio Tocantins de apaixonar qualquer maluco por natureza. Sentei - me alí, pus água quente na cuia e fui tomar chimarrão enquanto lia a apostila do professor Claudino.

Nesse exato momento, uma galera pra lá de esquisita passa diante de mim e se dirige a árvore, que fica dentro de uma ribanceira as margens do Tocantins. A galera sinistra era composta basicamente por adultos e tinha perfil de usuário de drogas. O curioso é que depois que eles desceram, eu permaneci sentado na grama e me chega um jovem vendendo pulseiras de estilo Hippie, pergunta se desejo comprar uma e respondo: "não posso, tô liso". Ele senta do meu lado, e pra não criar clima chato decido não me retirar do lugar. Logo depois chega um amigo dele, com um capacete na mão e se senta conosco.
até  aí, nada de mais absurdo! mas de repente o clima fica tenso. Uma viatura da ronda da comunidade encosta, descem dois PM's e abordam os que estavam escondidos na ribanceira. Nós apenas observamos o movimento, e eu continuo preocupado com a apostila, tudo normal, pensava eu.


Mas aí é que tá! Um dos PM's vem em nossa direção e pergunta: "e vc's, vieram aqui comprar maconha não foi?". Nesse extao momento eu tomei consciência da dimensão da coisa. e (perdoem - me a expressão) pensei: "agora fudeu tudo!"

"não moço, eu tô aqui estudando!" respondo meio tenso ao PM. Ele insiste:" Estudando? aqui? sei não! tu estuda o que?". Eu estudo Jornalismo na UFMA, respondo desconfiado. Peço, pra abrir minha bolsa e por incrível que pareça, minha carteira da Biblioteca está lá, com minha agenda da UFMA e o carimbo oficial da universidade. Mas é nesse exato momento que penso: "Meu Deus, que besteira eu fiz! Qual o pensamento de um PM em relação a um Universitário?" a resposta? "um bando de Playboy que alimenta o tráfico comprando droga em lugares como aquele!".

O outro PM decidi me revistar, enquanto isso, o primeiro vasculha minha bolsa, e acha um pequeno pedaço de papel e lgo interroga: "Isso aqui vagabundo, é pra fazer cigarro de maconha não é?" Meu Deus, penso de novo, como vou explicar isso agora? meio tenso me lembro da Bíblia e das citações no pedaço  de papel e falo ao guarda: "me permita abrir minha bolsa e te mostrar." peguei minha Bíblia e mostrei ao guarda, um pedaço de papel similar com anotações bíblicas, e lhe disse: "acho muito chato sair de casa e levar um caderno. Prefiro levar pedaços de papel, para o caso de alguma anotação."

Tento explicar pro guarda que não sou de Imperatriz, que estou aqui pra estudar e que não sabia que aquela região da Beira - Rio, era uma boca de fumo! arrisco ainda uma frase: "me disseram que a Beira - Rio, era um local bacana! decidi visitar, mas me enganei". O PM responde: "A Beira - Rio é muito tranquila, esse setor aqui é que é inflamado!" e conclui: "Tu é de onde?"

Eu sou do Pará, respondo olhando pra garrafa e pro chimarrão e imaginando uma futura resposta para aquele desvio cultural. Ele não perguntou nada sobre o chimarrão, apenas olhou o estranho conteúdo verde dentro da cuia e abriu a garrafa, constatou que só tinha água e arremessou - a no chão (meu coração quase para nessa hora, a garrafa que a Júlia me deu, porra que chato!) o guarda me olha fixamente, eu estou vestido com um short cheio de bolsos (perfeito para guardar drogas) tenho dois celulares, sendo que um custa pelo menos R$ 400,00 reais (coisa típica de traficante) camisa desbotada, cordão com medalha de São Bento e uma cara de "que porra é essa!? o que estou fazendo aqui?!". O guarda respira fundo e me diz: "é melhor você voltar pro seu Pará!" e penso: "taí. boa idéia!". Enquanto isso o outro me revista,  nem meus "egg's" escaparam.
Agora   tá tudo tranquilo,  imagino, o guarda se volta  pro cara de capacete  e ao revistar o equipamento, encontra um papelote  com maconha bem escondido.  "porra!  caralho! eu sabia!" exclama  o  PM, enquanto eu penso:  "devo ligar  pra Júlia  ou pro  Mauro?  quem vai me buscar na Delegacia? " afinal, com aquilo nas mãos seria impossível provar minha inocência. O guarda  se irrita  com o jovem maconheiro, e eu também. Por causa de um cara  que eu nem conselho,  vou  certamente  parar  na cadeia e estragar minha já conturbada vida social (se é que ainda tenho vida social!)

O guarda  furioso cobra explicações,  o jovem se limita a dizer que o capacete não é dele e aponta distante o provável dono! O outro PM nos observa e diz enfurecido: "sumam da minha frente, se eu pegar vc's aqui de novo, eu tenho até pena!".

"avisem pros demais que vamos estar em alerta, não me deixem pegar vc's  por aqui novamente". Os PM's seguem na direção do suposto dono do capacete, junto com o outro jovem, enquanto isso eu e o vendedor de pulseiras caminhamos em direção as nossas casas  (ao menos eu estava decido, primeiro, a ir pra casa, segundo, não voltar à Beira - Rio, terceiro, voltar  pro meu Pará!).

Só depois do sustoo foi que tive consciência da proporção do caso. Que loucura! tem presepadas que só eu consigo! Decidi ir à casa da Júlia contar - lhe o acontecido, e de quebra fui zoado a tarde inteira. Segunda - feira na UFMA não vai dar certo. Vou ter que aguentar piadinhas por causa de um vacilo incrível. Tem coisas que só acontecem com o Botafogo, e comigo!

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5 Comentários

  1. Hilton, acredito que antes de tudo você deve refletir sobre o papel da Polícia aí. Está na moda aqui agora eles ficarem atrás de usuários de maconha. Traficantes escapa cheirando das rondas. Só o que tenho visto é violência desnecessária e gratuíta da polícia por essas bandas mas não acredito que o correto seja pararmos de frequentar não. Ao contrário, resistência a essa polícia mal treinada e mal encarada. Bando de ...

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  2. Apoiado Juliana, resistência a essa polícia mal treinada e mal encarada. Bando de ...

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  3. Cara que nóia, mas que bom que você se saiu dessa são e salvo.

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  4. Meu Caro amigo Volta pro Pará... to pensando em voltar pra lá também... esse lugar de doido não é pra nois...kkkkk

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  5. Verdade Fernando. Chega de Maranhão e Goiás. No Pará as coisas são bem mais tranquilas, apesar do estereótipo de terra de pistoleiros. Na verdade eu espero voltar pra Carajás. Quero saber do Pará mais não, rsrsrsrs!

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