Memórias de um Imperatrizense Mineiro

50º Bis ainda em fase de construção...



Não existia nada do que você está vendo agora!

Asfalto, rede elétrica, casas, nada. Tudo era fazenda e aqui isolada ficava minha madereira eu cheguei no meio dos anos 70. A Bernardo Sayão era “piçarrada” e o que vocês chamam hoje de Nova Imperatriz era na verdade uma grande Fazenda.

A rua de fato mais próxima era a Dorgival e a Getúlio, só que sem aquelas lojas, apenas umas casas simples. A 15 de Novembro já existia mas a tal da Nova Imperatriz não existia não. O Paraíba era uma loja minúscula se comparada com a de hoje, e não ficava ali na praça não, ficava onde hoje é uma Pizzaria. Roma, Romanos, não sei o nome, não lembro.

Não foi fácil chegar, não foi fácil sobreviver aqui. Eu vim de Minas Gerais na época em que o presidente estava incentivando o povo a vim pra Amazônia. Vim pela Belém – Brasília, mas não foi fácil chegar aqui. Não tinha asfalto, tudo no chão, quando cheguei tive dificuldades para prosperar com a minha serraria, pois eu buscava madeira longe, e o percurso que hoje ce faz em uma duas horas pela Belém – Brasília, nós, naquela época, fazíamos em 12 horas, se fosse no inverno demoraríamos um dia, e se fosse pras bandas do Amarante demoraríamos 2 quem sabe até 3 dias, com o caminhão atolado!

Fiz essa casinha de madeira aqui dentro da serraria naquela época, meus filhos cresceram aqui. Moro aqui quase que a vida toda. Me sinto daqui.  Certa vez fui em uma loja e a moça me pediu endereço anterior, aí eu disse: “não precisa endereço anterior, quem mora na mesma casa a mais de 30 anos não precisa dá referencia.”

Nós crescemos juntos com a cidade, foi aí que apareceu esse bairro que nós estamos. E você pensa que ele era assim organizado? Aqui não tinha energia elétrica, eu tinha um gerador. Água? Esgoto? Não tinha nada. Não tinha rua. Eu fiz a abertura até a minha serraria e depois o povo foi ocupando, aí veio os loteamentos e aí surgiu o bairro. Telefone? Naquela época era coisa de luxo, tinha que declarar no imposto de renda! Eu tive que colocar os postes pra que a companhia trouxesse a linha, só assim fiquei menos isolado do mundo. Aí veio o Bairro e as ruas, as casas, a energia, o asfalto, e todo resto.

Meu Filho, só tem uma coisa que não posso te dizer sobre esse bairro. Eu não faço idéia de onde ele começa, nem de onde ele termina. Vai ver que é por isso que ele é grande, se não for o maior de Imperatriz.



Praça de Fátima acima, e vista aérea de Imperatriz abaixo. 











Esse longo depoimento foi dado pelo Sr. José Silva, depois de uma longa entrevista a mando do Censo 2010. Sr. José respondeu com esse gigantesco texto a minha simples pergunta: Quanto tempo VC mora em Imperatriz? Fascinante.




Curió

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